O tempo destas palavras...
Tudo tem um tempo... quando começamos alguma coisa, regra geral, não podemos prever (com exactidão) a sua duração. Assim é a vida, e, talvez seja esse o seu tempero. É a incerteza que nos faz criar, quando nada é certo tudo é possível, por isso investimos, procuramos o aperfeiçoamento. Para sempre é só enquanto dura, por este -e outros- motivo, as coisas valem pelo instante em que acontecem e pela intensidade com que as vivemos.
É o que acaba por acontecer com as paixões...um dia chegam ao fim (nem que seja por se transformarem em amor!). Porque exigem muito de nós, consomem, desgastam, não são só feitas de êxtase, engrandecimento e exaltação. Tão desconhecida é a sua origem, como o que conduz ao seu terminus.
Ao longo de vários meses, tive uma paixão assolapada, entreguei-me com verdade e dei tudo de mim. Chamei-lhe 'Por outras palavras'. Partilhei convosco o que sou, expus-me (quase) sem reservas, escrevi o que sentia, falei-vos das minhas emoções, dos meus receios, das minhas opiniões, fraquezas, fragilidades, expectativas, desilusões e ilusões. Dei-me por inteiro, pus o melhor de mim naquilo que fiz e, a dada altura, abri os braços para vos receber também através dos comentários (regra geral, amorosos e muito lisonjeiros) que me escreveram. Nem sempre é fácil mostrar quem somos, como somos, os gostos que temos e não temos. Tomar posições, ainda por cima tão vincadas como as minhas, gera várias vezes inimizades e ódiozinhos de estimação. Aqui, fui eu, a cada palavra; como tal, os sentimentos que possa ter despertado são, verdadeiramente, reflexo do que sou. Mesmo as histórias que fui escrevendo, são o resultado das minhas vivências (nem sempre na primeira pessoa), do que vi, ouvi ou senti... sim, também podemos sentir (através) os outros e, eu senti-vos muitas vezes.
Este blog devolveu-me muito, proporcionou-me coisas inenarráveis, permitiu que me visse ao espelho, trouxe-me a visão que uma parte do (meu) mundo tem da pessoa que sou. A magia da palavra escrita está na sua efectiva permanência, na possibilidade que abre à partilha, é uma hipótese à construção (cada vez mais rara) de pontes em vez de muros. As minhas palavras trouxeram novas pontes ao meu coração... aproximaram-me de amigos que já conhecia e serviram de pretexto para receber de presente pessoas que me vieram enriquecer grandemente como ser humano.
Valeu a pena! Deu-me muito gozo escrever a vida a partir desta janelinha de emoções, foi bom enquanto durou. Não obstante, vai acabar por aqui. Não por ter deixado de haver paixão mas, porque é preciso viver a vida a partir de outras palavras. Este blog marcou um período bastante intenso da minha existência, senti tudo à flor da pele, senti muito de muitas maneiras e escrevi-o aqui, frequentemente, por outras palavras.
Agora, há-que virar a página (quem sabe se para começar de novo, noutro sítio qualquer...), fechar o livro e guardá-lo na estante. Não faz sentido (tentar) continuar a escrever num caderno que não tem mais folhas, voltar atrás à procura de espaços em branco para escrever, é estar fora do tempo. Por muito que goste dele, por muito que me custe, o caderno chegou ao fim. Hoje. Talvez tenha começado a terminar há muito tempo (como disse Picasso, "Bom é mesmo o princípio, porque logo a seguir começa o fim") mas só hoje fez, para mim, sentido colocar um ponto final parágrafo nesta estória.
Deste modo, arrumo também este pedacinho da minha vida. Parto em busca de novos rumos, sem nunca esquecer o caminho percorrido que se encerra aqui.
Esta viagem começou por ser de dentro para fora e acabou por se transformar, também, numa viagem de fora para dentro. É por isso que, à chegada, me sinto capaz de voltar a navegar. Vou sem tripulação mas, levo comigo o sorriso e o aconchego que estas linhas difusas ( e, tantas vezes, confusas) me proporcionaram. Parei neste porto (seguro?!) para retemperar forças, agora, vou seguir em frente.
Escrevo o manuscrito deste meu último post, sentada na areia de uma praia que me devolveu a luz, comtemplo o mar que me vem acariciar os pés e acredito que as ondas trazem em si o gérmen da paz de que necessito, para mudar o mundo e tornar a velejar.
Espero que, mesmo que não me compreendam, aceitem esta minha decisão como prova de amor... só faz sentido escrever assim, com o coração e exactamente porque o meu vai para obras de remodelação, ficamos por aqui. E digo ficamos porque, este espaço deixou de ser só meu, no instante perfeito em que vos escancarei a porta de entrada mas, agora tenho mesmo que sair daqui fechando esta porta atrás de mim. Estava na altura de aprender a fechar portas. Está dada a justificação.
Chegou ao fim esta partilha, de palavras e afectos, obrigada pela cumplicidade.
Beijinhos,
Inês.
É o que acaba por acontecer com as paixões...um dia chegam ao fim (nem que seja por se transformarem em amor!). Porque exigem muito de nós, consomem, desgastam, não são só feitas de êxtase, engrandecimento e exaltação. Tão desconhecida é a sua origem, como o que conduz ao seu terminus.
Ao longo de vários meses, tive uma paixão assolapada, entreguei-me com verdade e dei tudo de mim. Chamei-lhe 'Por outras palavras'. Partilhei convosco o que sou, expus-me (quase) sem reservas, escrevi o que sentia, falei-vos das minhas emoções, dos meus receios, das minhas opiniões, fraquezas, fragilidades, expectativas, desilusões e ilusões. Dei-me por inteiro, pus o melhor de mim naquilo que fiz e, a dada altura, abri os braços para vos receber também através dos comentários (regra geral, amorosos e muito lisonjeiros) que me escreveram. Nem sempre é fácil mostrar quem somos, como somos, os gostos que temos e não temos. Tomar posições, ainda por cima tão vincadas como as minhas, gera várias vezes inimizades e ódiozinhos de estimação. Aqui, fui eu, a cada palavra; como tal, os sentimentos que possa ter despertado são, verdadeiramente, reflexo do que sou. Mesmo as histórias que fui escrevendo, são o resultado das minhas vivências (nem sempre na primeira pessoa), do que vi, ouvi ou senti... sim, também podemos sentir (através) os outros e, eu senti-vos muitas vezes.
Este blog devolveu-me muito, proporcionou-me coisas inenarráveis, permitiu que me visse ao espelho, trouxe-me a visão que uma parte do (meu) mundo tem da pessoa que sou. A magia da palavra escrita está na sua efectiva permanência, na possibilidade que abre à partilha, é uma hipótese à construção (cada vez mais rara) de pontes em vez de muros. As minhas palavras trouxeram novas pontes ao meu coração... aproximaram-me de amigos que já conhecia e serviram de pretexto para receber de presente pessoas que me vieram enriquecer grandemente como ser humano.
Valeu a pena! Deu-me muito gozo escrever a vida a partir desta janelinha de emoções, foi bom enquanto durou. Não obstante, vai acabar por aqui. Não por ter deixado de haver paixão mas, porque é preciso viver a vida a partir de outras palavras. Este blog marcou um período bastante intenso da minha existência, senti tudo à flor da pele, senti muito de muitas maneiras e escrevi-o aqui, frequentemente, por outras palavras.
Agora, há-que virar a página (quem sabe se para começar de novo, noutro sítio qualquer...), fechar o livro e guardá-lo na estante. Não faz sentido (tentar) continuar a escrever num caderno que não tem mais folhas, voltar atrás à procura de espaços em branco para escrever, é estar fora do tempo. Por muito que goste dele, por muito que me custe, o caderno chegou ao fim. Hoje. Talvez tenha começado a terminar há muito tempo (como disse Picasso, "Bom é mesmo o princípio, porque logo a seguir começa o fim") mas só hoje fez, para mim, sentido colocar um ponto final parágrafo nesta estória.
Deste modo, arrumo também este pedacinho da minha vida. Parto em busca de novos rumos, sem nunca esquecer o caminho percorrido que se encerra aqui.
Esta viagem começou por ser de dentro para fora e acabou por se transformar, também, numa viagem de fora para dentro. É por isso que, à chegada, me sinto capaz de voltar a navegar. Vou sem tripulação mas, levo comigo o sorriso e o aconchego que estas linhas difusas ( e, tantas vezes, confusas) me proporcionaram. Parei neste porto (seguro?!) para retemperar forças, agora, vou seguir em frente.
Escrevo o manuscrito deste meu último post, sentada na areia de uma praia que me devolveu a luz, comtemplo o mar que me vem acariciar os pés e acredito que as ondas trazem em si o gérmen da paz de que necessito, para mudar o mundo e tornar a velejar.
Espero que, mesmo que não me compreendam, aceitem esta minha decisão como prova de amor... só faz sentido escrever assim, com o coração e exactamente porque o meu vai para obras de remodelação, ficamos por aqui. E digo ficamos porque, este espaço deixou de ser só meu, no instante perfeito em que vos escancarei a porta de entrada mas, agora tenho mesmo que sair daqui fechando esta porta atrás de mim. Estava na altura de aprender a fechar portas. Está dada a justificação.
Chegou ao fim esta partilha, de palavras e afectos, obrigada pela cumplicidade.
Beijinhos,
Inês.
Cúmplices
A noite vem às vezes tão perdida
e quase nada parece bater certo
há qualquer coisa em nos inquieta e ferida
e tudo que era fundo fica perto
nem sempre o chão da alma é seguro
nem sempre o tempo cura qualquer dor
e o sabor a fim da mar que vem do escuro
é tantas vezes o que resta do calor
se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
trocamos as palavras mais escondidas
e só a noite arranca sem doer
seremos cúmplices o resto da vida
ou talvez só até amanhecer
fica tão fácil entregar a alma
a quem nos traga um sopro do deserto
olhar onde a distância nunca acalma
esperando o que vier de peito aberto
se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
(Mafalda Veiga)
"O puto tem piada!!!...Acho-lhe imensa graça...e tem um sorriso fantástico!..."
Enquanto tento escrever aquilo que preciso que saibas, ouço Pedro Abrunhosa. Lembras-te daquela noite em que ficámos a estudar, madrugada fora, até nascer o sol?! Parámos para ouvir "Tudo o que eu te dou"... a música tomou conta de nós e, como sempre!, tu tomaste conta de mim.
Antes de mais, quis transformar-te em amigo, tinha que te mostrar que entre nós não haveria espaço para mais nada além de amizade. Precisava de clarificar as coisas, para nunca fraquejar. É óbvio que a atracção sempre foi mútua, mas cabia-me a mim racionalizar. Conversámos sobre isso muitas vezes... só que nunca estivemos de acordo. Dizias que um dia te daria razão. Contigo não colou a história da 'amiga inteligente'. Optei por te explicar, desde o início, em que situação me encontrava para que pudesses compreender que o problema estava em mim e não em ti. "Meu querido, não tenho mais nada para te oferecer, além da minha amizade... não seria justa com nenhum de nós se te dissesse algo em contrário."
Entraste na minha vida de rompante, quiseste logo conquistar o teu espaço, fazias muitas perguntas, provocavas, enfrentavas e eu achei piada à tua maneira de ser. Sempre achei, e sempre te disse, "tu és um puto com piada!". E, depois, acrescentava sempre "... és um puto... tens piada, mas és um puto!". Queria salvaguardar-te, como tal, tentei impor uma determinada distância (de segurança). Sempre te soube um Don Juan mas, de qualquer modo, não queria correr o risco de te ver magoado.
Querias perceber porquê. Porque não?! Como é que eu podia ter tanta certeza que entre nós as coisas não resultariam? Resolveste medir forças comigo, juraste a ti mesmo provar-me que estava enganada. Não percebeste nada, meu pequenino.
Eu gosto muito de ti.
Tenho imensa ternura por ti... mas, isso não chega. As tuas semelhanças afastam-nos, mais do que nos aproximam. A vida tem destes caprichos estúpidos... o rumo desta história teria sido, necessariamente, diferente se tivesses surgido um tempo antes... chegaste na pior altura. Dar de caras com a versão melhorada de alguém que tentamos esquecer é sempre complicado... sobretudo se a dita versão melhorada, que és tu!, resolve engraçar connosco. Oh meu querido! Eu não podia, e não posso, deixar-me apaixonar por ti... seria um erro, um erro que ambos acabaríamos por pagar demasiado caro.
Eu nunca te escondi nada... e aí também tive culpa. Contei-te coisas que não tinha necessidade de contar e, logo à partida, anulei qualquer hipótese de futuro.
Hoje em dia, é tudo muito bonito, só facilidades. "Eu não me importo que me uses para esquecer o outro!"... o problema está em que, se algum dia ficássemos juntos, tu nunca acreditarias na verdade do meu amor, terias sempre um fantasma entre nós. Irias cobrar, duvidar, desconfiar... porias sempre em causa se te tinha escolhido ficar contigo ou com a imagem ampliada do outro. Nunca te escondi que, para mim, as tuas semelhanças com ele são impressionantes, também nunca te escondi que apesar de seres a versão melhorada... como homem, eras a serigrafia de outro alguém.
Não obstante, sempre te reconheci valor, um valor que te fez ganhar terreno na minha vida.
Conquistaste-me pela conversa... horas esquecidas, à mesa, nos muitos cafés de Lisboa, ao telefone, nos bares por onde passámos, na rua, em casa... falámos de tudo. Descobrimos afinidades, trocámos impressões, partilhámos saberes e inquietações. Fiquei rendida quando te vi desarmado, pela primeira vez, no dia em que conheci a tua família. Percebi que querias, mesmo!, que fizesse parte do teu mundo. Confesso que fiquei apavorada quando a tua mãe me disse: 'tome conta dele, o meu filho adora-a!'. Sei a importância que a tua mãe tem na tua vida e o que representa... e tu a falar-lhe de mim... nem quis acreditar quando me pôs a Mariana no colo. Nesse dia, desejei amar-te, ser merecedora de tudo aquilo. Por isso mesmo, quis a todo o custo ser, lá em casa e no teu coração, a amiga. Não tinha o direito de fazer diferente...
Na tarde em que ficámos com os teus sobrinhos percebi que te havia julgado mal. Não acreditei quando me disseste "para mim é mais importante dizer-te que gostava que fosses mãe dos meus filhos, do que um simples amo-te!", mas pude constatá-lo pela forma como lidas com os miúdos. Até eu fiquei apaixonada pela Francisca, pelo Luís e pela Mariana, embevecida pela cumplicidade que vos une... tu és, mesmo!, uma pessoa especial!
Tão especial que eu não podia entrar em jogos, sequer de palavras, para não arriscar magoar-te. Nunca foste nenhum menino, és esperto e cuidas para que o teu grau de envolvimento seja o óptimo. Isto é, envolves-te na medida das tuas necessidades, para poderes extrair o máximo do momento mas, logo a seguir, viras a página.
És um ilusionista que, desta vez, se iludiu a si mesmo. Pensavas que eu ia ficar enebriada com o teu jogo de sedução e quem acabou por lhe sucumbir foste tu.
Se calhar, noutra altura qualquer, ter-me-ia perdido de amores por ti (e tinha sido apenas mais uma)... mas, meu querido, tu foste a pessoa certa na altura errada. Não estava predisposta a iniciar uma nova relação, porque ainda estava a apanhar os caquinhos da história anterior, precisava de tempo para pôr tudo em ordem.
Desapareceste uns tempos, ao início foi óptimo, depois comecei a sentir a tua falta e tive saudades. Voltaste e eu convenci-me que te tinhas mentalizado que íamos ser só amigos. Baixei a guarda. Tornámos a estudar juntos. Cavalheiro, como sempre, levavas flores, rebuçados... mimavas-me como só tu sabes fazer. E, as noites de estudo, transformaram-se em noites de conversa, entrega e partilha.
Gosto de estar contigo, és uma pessoa fascinante... falamos de tudo, discutimos literatura, arte, poesia, viagens... e acabamos sempre a fazer planos.
Falaste-me das tuas fraquezas, dos teus medos e inseguranças... com um despojamento, ficaste nu, sem quaisquer defesas e sem pedir nada em troca. Comovi-me com a tua verdade. Foi nessa noite que aprendi a amar-te. Contei-te mais sobre mim, mas foi quase desnecessário, leste-me a alma e cantaste "Eu não sei quem te perdeu".
Quando veio,Mostrou-me as mãos vazias,As mãos como os meus dias,Tão leves e banais.E pediu-meQue lhe levasse o medo,Eu disse-lhe um segredo:"Não partas nunca mais".E dançou,Rodou no chão molhado,Num beijo apertadoDe barco contra o cais.E uma asa voa A cada beijo teu,Esta noiteSou dono do céu,E eu não sei quem te perdeu.Abraçou-meComo se abraça o tempo,A vida num momentoEm gestos nunca iguais.E parou,Cantou contra o meu peito,Num beijo imperfeitoRoubado nos umbrais.E partiu,Sem me dizer o nome,Levando-me o perfumeDe tantas noites mais. E uma asa voa A cada beijo teu,Esta noiteSou dono do céu,E eu não sei quem te perdeu.
Queria que fosse sempre assim, como naquela noite em que a lua iluminou o céu e esse teu sorriso lindo, sendo que nada mais importava. Só que o dia tem sempre que (re)nascer, no mesmo sítio e, a magia da noite não é intemporal, desaparece com o raiar da manhã... 'é preciso morrer e nascer de novo'. Por isso é que me ensinaste a dividir o mundo em dois: as pessoas que têm insónias e as que não têm.
Eu sei que tu nunca me pediste nada mas, para dar, tenho que dar-te tudo... tudo o que mereces. Foste tu que me deste o colo de que precisava, sem te tentares aproveitar da minha fragilidade, protegeste-me do mundo, levaste-me ao teu refúgio e emprestaste-me o sorriso dos teus sobrinhos numa altura em que me faltou alegria. Aquela alegria ingénua e imensa das miúdas felizes.
Meu querido, eu preciso de pensar... o tempo encarrega-se de colocar tudo no seu devido lugar. E tu, mesmo não concordando com a minha 'decisão', afirmas que pode ser diferente, que vai ser diferente.
enquanto isso, com a doçura que te caracteriza, cantas-me ao ouvido... "Querida pequenina/ És o sol/ Que me fascina/ Tens a luz/ Que me ilumina/ Onde estás..."
| Antes de mais, quis transformar-te em amigo, tinha que te mostrar que entre nós não haveria espaço para mais nada além de amizade. Precisava de clarificar as coisas, para nunca fraquejar. É óbvio que a atracção sempre foi mútua, mas cabia-me a mim racionalizar. Conversámos sobre isso muitas vezes... só que nunca estivemos de acordo. Dizias que um dia te daria razão. Contigo não colou a história da 'amiga inteligente'. Optei por te explicar, desde o início, em que situação me encontrava para que pudesses compreender que o problema estava em mim e não em ti. "Meu querido, não tenho mais nada para te oferecer, além da minha amizade... não seria justa com nenhum de nós se te dissesse algo em contrário."
Entraste na minha vida de rompante, quiseste logo conquistar o teu espaço, fazias muitas perguntas, provocavas, enfrentavas e eu achei piada à tua maneira de ser. Sempre achei, e sempre te disse, "tu és um puto com piada!". E, depois, acrescentava sempre "... és um puto... tens piada, mas és um puto!". Queria salvaguardar-te, como tal, tentei impor uma determinada distância (de segurança). Sempre te soube um Don Juan mas, de qualquer modo, não queria correr o risco de te ver magoado.
Querias perceber porquê. Porque não?! Como é que eu podia ter tanta certeza que entre nós as coisas não resultariam? Resolveste medir forças comigo, juraste a ti mesmo provar-me que estava enganada. Não percebeste nada, meu pequenino.
Eu gosto muito de ti.
Tenho imensa ternura por ti... mas, isso não chega. As tuas semelhanças afastam-nos, mais do que nos aproximam. A vida tem destes caprichos estúpidos... o rumo desta história teria sido, necessariamente, diferente se tivesses surgido um tempo antes... chegaste na pior altura. Dar de caras com a versão melhorada de alguém que tentamos esquecer é sempre complicado... sobretudo se a dita versão melhorada, que és tu!, resolve engraçar connosco. Oh meu querido! Eu não podia, e não posso, deixar-me apaixonar por ti... seria um erro, um erro que ambos acabaríamos por pagar demasiado caro.
Eu nunca te escondi nada... e aí também tive culpa. Contei-te coisas que não tinha necessidade de contar e, logo à partida, anulei qualquer hipótese de futuro.
Hoje em dia, é tudo muito bonito, só facilidades. "Eu não me importo que me uses para esquecer o outro!"... o problema está em que, se algum dia ficássemos juntos, tu nunca acreditarias na verdade do meu amor, terias sempre um fantasma entre nós. Irias cobrar, duvidar, desconfiar... porias sempre em causa se te tinha escolhido ficar contigo ou com a imagem ampliada do outro. Nunca te escondi que, para mim, as tuas semelhanças com ele são impressionantes, também nunca te escondi que apesar de seres a versão melhorada... como homem, eras a serigrafia de outro alguém.
Não obstante, sempre te reconheci valor, um valor que te fez ganhar terreno na minha vida.
Conquistaste-me pela conversa... horas esquecidas, à mesa, nos muitos cafés de Lisboa, ao telefone, nos bares por onde passámos, na rua, em casa... falámos de tudo. Descobrimos afinidades, trocámos impressões, partilhámos saberes e inquietações. Fiquei rendida quando te vi desarmado, pela primeira vez, no dia em que conheci a tua família. Percebi que querias, mesmo!, que fizesse parte do teu mundo. Confesso que fiquei apavorada quando a tua mãe me disse: 'tome conta dele, o meu filho adora-a!'. Sei a importância que a tua mãe tem na tua vida e o que representa... e tu a falar-lhe de mim... nem quis acreditar quando me pôs a Mariana no colo. Nesse dia, desejei amar-te, ser merecedora de tudo aquilo. Por isso mesmo, quis a todo o custo ser, lá em casa e no teu coração, a amiga. Não tinha o direito de fazer diferente...
Na tarde em que ficámos com os teus sobrinhos percebi que te havia julgado mal. Não acreditei quando me disseste "para mim é mais importante dizer-te que gostava que fosses mãe dos meus filhos, do que um simples amo-te!", mas pude constatá-lo pela forma como lidas com os miúdos. Até eu fiquei apaixonada pela Francisca, pelo Luís e pela Mariana, embevecida pela cumplicidade que vos une... tu és, mesmo!, uma pessoa especial!
Tão especial que eu não podia entrar em jogos, sequer de palavras, para não arriscar magoar-te. Nunca foste nenhum menino, és esperto e cuidas para que o teu grau de envolvimento seja o óptimo. Isto é, envolves-te na medida das tuas necessidades, para poderes extrair o máximo do momento mas, logo a seguir, viras a página.
És um ilusionista que, desta vez, se iludiu a si mesmo. Pensavas que eu ia ficar enebriada com o teu jogo de sedução e quem acabou por lhe sucumbir foste tu.
Se calhar, noutra altura qualquer, ter-me-ia perdido de amores por ti (e tinha sido apenas mais uma)... mas, meu querido, tu foste a pessoa certa na altura errada. Não estava predisposta a iniciar uma nova relação, porque ainda estava a apanhar os caquinhos da história anterior, precisava de tempo para pôr tudo em ordem.
Desapareceste uns tempos, ao início foi óptimo, depois comecei a sentir a tua falta e tive saudades. Voltaste e eu convenci-me que te tinhas mentalizado que íamos ser só amigos. Baixei a guarda. Tornámos a estudar juntos. Cavalheiro, como sempre, levavas flores, rebuçados... mimavas-me como só tu sabes fazer. E, as noites de estudo, transformaram-se em noites de conversa, entrega e partilha.
Gosto de estar contigo, és uma pessoa fascinante... falamos de tudo, discutimos literatura, arte, poesia, viagens... e acabamos sempre a fazer planos.
Falaste-me das tuas fraquezas, dos teus medos e inseguranças... com um despojamento, ficaste nu, sem quaisquer defesas e sem pedir nada em troca. Comovi-me com a tua verdade. Foi nessa noite que aprendi a amar-te. Contei-te mais sobre mim, mas foi quase desnecessário, leste-me a alma e cantaste "Eu não sei quem te perdeu".
Quando veio,Mostrou-me as mãos vazias,As mãos como os meus dias,Tão leves e banais.E pediu-meQue lhe levasse o medo,Eu disse-lhe um segredo:"Não partas nunca mais".E dançou,Rodou no chão molhado,Num beijo apertadoDe barco contra o cais.E uma asa voa A cada beijo teu,Esta noiteSou dono do céu,E eu não sei quem te perdeu.Abraçou-meComo se abraça o tempo,A vida num momentoEm gestos nunca iguais.E parou,Cantou contra o meu peito,Num beijo imperfeitoRoubado nos umbrais.E partiu,Sem me dizer o nome,Levando-me o perfumeDe tantas noites mais. E uma asa voa A cada beijo teu,Esta noiteSou dono do céu,E eu não sei quem te perdeu.
Queria que fosse sempre assim, como naquela noite em que a lua iluminou o céu e esse teu sorriso lindo, sendo que nada mais importava. Só que o dia tem sempre que (re)nascer, no mesmo sítio e, a magia da noite não é intemporal, desaparece com o raiar da manhã... 'é preciso morrer e nascer de novo'. Por isso é que me ensinaste a dividir o mundo em dois: as pessoas que têm insónias e as que não têm.
Eu sei que tu nunca me pediste nada mas, para dar, tenho que dar-te tudo... tudo o que mereces. Foste tu que me deste o colo de que precisava, sem te tentares aproveitar da minha fragilidade, protegeste-me do mundo, levaste-me ao teu refúgio e emprestaste-me o sorriso dos teus sobrinhos numa altura em que me faltou alegria. Aquela alegria ingénua e imensa das miúdas felizes.
Meu querido, eu preciso de pensar... o tempo encarrega-se de colocar tudo no seu devido lugar. E tu, mesmo não concordando com a minha 'decisão', afirmas que pode ser diferente, que vai ser diferente.
enquanto isso, com a doçura que te caracteriza, cantas-me ao ouvido... "Querida pequenina/ És o sol/ Que me fascina/ Tens a luz/ Que me ilumina/ Onde estás..."
Hoje
Hoje não escrevo... tenho a alma a transbordar... pelas palavras que fui guardando cá dentro.
O Sol há muito que se pôs, a Lua vai alta numa noite em que deixou de estar cheia para poder ser crescente, e o Sol não tarda a (re)nascer.
Hoje não escrevo por não ser capaz de sentir através de palavras... fui guardando o que sentia noutras palavras... talvez me tenha perdido em palavras, por sentir, para (não) sentir... por outras palavras.
Fui jogando com estas e outras palavras... as minhas e as tuas... hoje não escrevo... jogo com as palavras... Afinal, hoje são só palavras.
| O Sol há muito que se pôs, a Lua vai alta numa noite em que deixou de estar cheia para poder ser crescente, e o Sol não tarda a (re)nascer.
Hoje não escrevo por não ser capaz de sentir através de palavras... fui guardando o que sentia noutras palavras... talvez me tenha perdido em palavras, por sentir, para (não) sentir... por outras palavras.
Fui jogando com estas e outras palavras... as minhas e as tuas... hoje não escrevo... jogo com as palavras... Afinal, hoje são só palavras.
Carta
Não falei contigo
com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão
nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo
e tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
e a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro...
...nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
(Toranja)
Afinal, ainda há cartas de amor! Esta é... incomensurável. Fiquei compelta e totalmente rendida.
| com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão
nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo
e tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
e a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro...
...nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
(Toranja)
Afinal, ainda há cartas de amor! Esta é... incomensurável. Fiquei compelta e totalmente rendida.
Menina do Mar
Poema
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Sophia de Mello Breyner Andresen
Estou muito triste com a morte de Sophia de Mello Breyner... desaparece uma figura sagrada da minha infância, autora de Contos Exemplares e de poemas sublimes.
Esta Senhora é eterna e intemporal, deixa um legado imenso à pátria lusitana e à Língua Portuguesa.
'Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. as fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.
(...) Oriana deu-lhe a mão e, sem que ninguém os visse, saíram do café. Atravessaram a cidade e as suas ruas cruzadas com anúncios luminosos. Atravessaram as praças, as avenidas e os cais. E sairam da cidade.
Foram pelo caminho ao longo do abismo até à floresta.
A lua cheia iluminava os montes e os campos.
Quando chegaram à floresta, o Poeta pediu:
- Oriana, encanta tudo.
E Oriana levantou a sua varinha de condão e tudo ficou encantado.' (A Fada Oriana)
O universo mágico de Sophia povoa a minha realidade desde sempre, foi através dos sopros de genialidade desta autora que me apaixonei pela literatura infantil, ensinou-me a amar a natureza e a sonhar com fadas, meninas, cavaleiros... Vou ser sempre uma menina do mar.
'- É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum perfume assim. Mas estou tonta e um bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. são diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
- Isso é por causa da saudade - disse o rapaz.
- Mas o que é a saudade? - perguntou a Menina do Mar.
- A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.' (A Menina do Mar)
Fica viva a lenda de alguém que criou para ver nascer sorrisos... hei-de lê-la aos meus filhos para que saibam sonhar, para que nunca peracam a crença no ser humano, para que amem, para que as palavras se eternizem.
| A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Sophia de Mello Breyner Andresen
Estou muito triste com a morte de Sophia de Mello Breyner... desaparece uma figura sagrada da minha infância, autora de Contos Exemplares e de poemas sublimes.
Esta Senhora é eterna e intemporal, deixa um legado imenso à pátria lusitana e à Língua Portuguesa.
'Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. as fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.
(...) Oriana deu-lhe a mão e, sem que ninguém os visse, saíram do café. Atravessaram a cidade e as suas ruas cruzadas com anúncios luminosos. Atravessaram as praças, as avenidas e os cais. E sairam da cidade.
Foram pelo caminho ao longo do abismo até à floresta.
A lua cheia iluminava os montes e os campos.
Quando chegaram à floresta, o Poeta pediu:
- Oriana, encanta tudo.
E Oriana levantou a sua varinha de condão e tudo ficou encantado.' (A Fada Oriana)
O universo mágico de Sophia povoa a minha realidade desde sempre, foi através dos sopros de genialidade desta autora que me apaixonei pela literatura infantil, ensinou-me a amar a natureza e a sonhar com fadas, meninas, cavaleiros... Vou ser sempre uma menina do mar.
'- É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum perfume assim. Mas estou tonta e um bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. são diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
- Isso é por causa da saudade - disse o rapaz.
- Mas o que é a saudade? - perguntou a Menina do Mar.
- A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.' (A Menina do Mar)
Fica viva a lenda de alguém que criou para ver nascer sorrisos... hei-de lê-la aos meus filhos para que saibam sonhar, para que nunca peracam a crença no ser humano, para que amem, para que as palavras se eternizem.
A história dos sonhos
"Passei ao lado do mundo e tomei a história pela vida"
Jules Michelet
A vida é feita de histórias. Escrever é tentar ordenar os capítulos. Desde pequena que teimo em misturar História e histórias, razão pela qual, conto estórias.
É muito ténue a linha que separa a realidade da ficção. Por vezes, o que nos sucede em sonhos, transcende uma realidade pueril. As personagens são as mesmas. Há poucas coisas que não mudam nesta vida... as personagens padrão e a ideia de amor.
Todos somos personagens tipo na vida de alguém... se calhar é por isso que este mundo é uma aldeia e as histórias se cruzam, paralelas e equidistantes.
Para muitos serei lírica, ingénua, uma romântica incorrigível, sonhadora, uma menina que não quis crescer, infantil... Maria Lua... talvez seja, apenas, alguém que não tem medo do sonhar. Sonhar o sonho pela vida e a vida pelo sonho... porque ainda há sorrisos que merecem ser guardados.
'Os sorrisos entram e são grandes'_ disse-me o menino. E percebeu que, afinal, podia voltar a sonhar. Contei-lhe uma história, daquelas que hei-de contar à Cuca, para que nunca tenha medo de crescer.
As histórias fazem sentido, desde que sejam vividas, nem que seja em sonhos...
| Jules Michelet
A vida é feita de histórias. Escrever é tentar ordenar os capítulos. Desde pequena que teimo em misturar História e histórias, razão pela qual, conto estórias.
É muito ténue a linha que separa a realidade da ficção. Por vezes, o que nos sucede em sonhos, transcende uma realidade pueril. As personagens são as mesmas. Há poucas coisas que não mudam nesta vida... as personagens padrão e a ideia de amor.
Todos somos personagens tipo na vida de alguém... se calhar é por isso que este mundo é uma aldeia e as histórias se cruzam, paralelas e equidistantes.
Para muitos serei lírica, ingénua, uma romântica incorrigível, sonhadora, uma menina que não quis crescer, infantil... Maria Lua... talvez seja, apenas, alguém que não tem medo do sonhar. Sonhar o sonho pela vida e a vida pelo sonho... porque ainda há sorrisos que merecem ser guardados.
'Os sorrisos entram e são grandes'_ disse-me o menino. E percebeu que, afinal, podia voltar a sonhar. Contei-lhe uma história, daquelas que hei-de contar à Cuca, para que nunca tenha medo de crescer.
As histórias fazem sentido, desde que sejam vividas, nem que seja em sonhos...
Mais uma noite para comemorar II
Mais uma noite para comemorar... a Mafalda Veiga brindou a assistência com um concerto brutal... memorável!
Sentimos o mesmo, de forma diferente... estivemos ali de corpo e alma, com verdade, vivemos tudo de um modo muito intenso... a música tem o poder de unir... pessoas e afectos. E, mesmo que por breves instantes, transpõe-se barreiras impostas e sobrepostas. Reviver, tornar presente o que nos marcou, recuperar o passado, renovar o presente, reequacionar a vida no embalo das canções... Tenho a alma arrepiada, a transbordar...
As palavras desta senhora tocam-me particularmente, cada música conta um bocadinho da minha história pessoal, é um pedacinho do meu trajecto, uma parte de mim e daqueles que amo (ou amei um dia).
Crónicas de amor, como banda sonora da minha própria vida, sob forma de acordes e sílabas. A voz do coração.
Transcendo-me... deixo de ser eu... é tudo e nada, são as minhas experiências, os meus sonhos, os pilares da minha existência, os medos e os cansaços, é a vida que me corre nas veias.
É sempre inevitável abrir o livro de memórias e ver passar o filme todo à minha frente... cada letra, cada sonoridade, estão sempre indelevelmente associadas a alguém que me é caro... tudo tem sentido, significado e significante.
Esteve muita gente comigo no concerto desta noite.
Gente que (re)descobriu Mafalda Veiga por minha causa e que hoje cantou comigo.
Não é preciso ver para sentir, não é necessário estar para ser presente... por isso, fechei os olhos muitas vezes para vos ver. Afinal, também há amor na ausência... no presente... e o passado volta, confronta-nos porque, a música tem o poder de nos transportar às memórias...
Há noites para comemorar... esta é, com toda a certeza, mais uma... pela partilha, pelos sorrisos, pelos afectos, pela luz da lua que não deixou nunca de brilhar, pelos olhos húmidos, pelas emoções... por estarmos vivos.
Amei, amo e amarei!
Eu sinto os teus passos,
na escuridão
Pressinto o teu corpo
no ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse
sugado para dentro de ti
E não houvesse nada a fazer
senão deixar-me ir
Pressinto os teus gestos,
quando não estás
Procuro os teus sonhos,
perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
Que me faz querer tanto ter-te aqui
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Se o gesto cair assim,
despedaçado
se eu não souber
recolher, a dor
se te esperar a céu aberto
onde se esconde
O que tu és que eu também sou
É que hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
Que me faz querer tanto ter-te aqui
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
(Mafalda Veiga, Uma Gota)
| Sentimos o mesmo, de forma diferente... estivemos ali de corpo e alma, com verdade, vivemos tudo de um modo muito intenso... a música tem o poder de unir... pessoas e afectos. E, mesmo que por breves instantes, transpõe-se barreiras impostas e sobrepostas. Reviver, tornar presente o que nos marcou, recuperar o passado, renovar o presente, reequacionar a vida no embalo das canções... Tenho a alma arrepiada, a transbordar...
As palavras desta senhora tocam-me particularmente, cada música conta um bocadinho da minha história pessoal, é um pedacinho do meu trajecto, uma parte de mim e daqueles que amo (ou amei um dia).
Crónicas de amor, como banda sonora da minha própria vida, sob forma de acordes e sílabas. A voz do coração.
Transcendo-me... deixo de ser eu... é tudo e nada, são as minhas experiências, os meus sonhos, os pilares da minha existência, os medos e os cansaços, é a vida que me corre nas veias.
É sempre inevitável abrir o livro de memórias e ver passar o filme todo à minha frente... cada letra, cada sonoridade, estão sempre indelevelmente associadas a alguém que me é caro... tudo tem sentido, significado e significante.
Esteve muita gente comigo no concerto desta noite.
Gente que (re)descobriu Mafalda Veiga por minha causa e que hoje cantou comigo.
Não é preciso ver para sentir, não é necessário estar para ser presente... por isso, fechei os olhos muitas vezes para vos ver. Afinal, também há amor na ausência... no presente... e o passado volta, confronta-nos porque, a música tem o poder de nos transportar às memórias...
Há noites para comemorar... esta é, com toda a certeza, mais uma... pela partilha, pelos sorrisos, pelos afectos, pela luz da lua que não deixou nunca de brilhar, pelos olhos húmidos, pelas emoções... por estarmos vivos.
Amei, amo e amarei!
Eu sinto os teus passos,
na escuridão
Pressinto o teu corpo
no ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse
sugado para dentro de ti
E não houvesse nada a fazer
senão deixar-me ir
Pressinto os teus gestos,
quando não estás
Procuro os teus sonhos,
perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
Que me faz querer tanto ter-te aqui
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Se o gesto cair assim,
despedaçado
se eu não souber
recolher, a dor
se te esperar a céu aberto
onde se esconde
O que tu és que eu também sou
É que hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
Que me faz querer tanto ter-te aqui
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
Não importa se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira entre a lua e o sol
(Mafalda Veiga, Uma Gota)
Mais uma noite para comemorar I
Fim do dia (no lado quente da saudade)
Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir
Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado
O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar
O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua
Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir
Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado
O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar
O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua
Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
As canções da Mafalda acabam por ser sempre a banda sonora da minha própria vida. Esta canção toca-me de forma especial porque fala das marcas que deixamos nos outros, "na alma e na pele", e das saudades doces que nos ficam, de pessoas e momentos muito especiais.
"Fim Do Dia (No Lado Quente da Saudade)" lembra-me um poema muito especial, escrito por uma amiga minha, que já faleceu e, que mora no lado quente das minhas saudades: "Há sempre uma imagem.../Sempre esta imagem de nós/imperfeitos, inacabadamente longe dos sonhos /e há sempre sonhos/sonhos doces, tão mágicos, tão desejáveis/mas tão longe do que somos e temos /Há sempre outros/sempre esses outros que nos avaliam/que nos fazem corar, sorrir, amar, chorar. /e há sempre nós.../nós bonitos, nós feios,/nós sozinhos, nós amados... /Quem me dera que houvesse/sempre uma imagem de nós nos/sonhos dos outros!" (Rita Wemens, "Enchamos tudo de Futuros").
Eu sempre tive o culto do café, desde muito novinha que passo tardes inteiras na Sul América, o café que fica na esquina da rua do Liceu onde andei. O café de sempre onde aprendi que a amizade é, mesmo!, a mais bela forma de amor, aquelas mesas (que são as melhores do mundo!) já me viram chorar e rir tantas vezes; a Sul América é mesmo "um pequeno abrigo", um porto seguro onde regresso sempre à procura dos meus afectos, à procura do que de melhor eu sou... porque foi também ali que aprendi a amar pessoas "sem ter defesas que me façam falhar", porque foi lá que aprendi que os meus amigos serão "cúmplices o resto da vida" e tenho a certeza que "mesmo que a vida mude os nossos sentidos e o mundo nos leve para longe de nós", a Sul deixou em cada um marcas indeléveis que nos ficarão para sempre tatuadas, na Alma e na Pele.
Esta canção é também o regresso ao meu amor maior, aquele que resiste a tudo, até mesmo ao tempo, porque é um abrigo da alma pelo qual hei-de esperar sempre, mesmo "no fim de um dia cansado" porque vale a pena esperar por aquele abraço fechado... Amam-se gestos, palavras, sonhos, muitos sonhos... e vai-se sonhando o próprio sonho e vale a pena, porque um dia a paz acaba sempre por chegar, numa comunhão perfeita de corpos e almas; "em toda a parte... onde quer que eu vá, levo no corpo o desejo de te abraçar, em toda a parte onde quer que o sonho me leve, hei-de lembrar-me de ti".
A Mafalda Veiga, hoje e sempre, como banda sonora da minha própria vida, desta história e da história deste sonho... "seremos cúmplices o resto da vida"!!!
Porque há lugares mágicos, onde o reencontro é sempre uma bênção, e onde muitas vezes entramos "com o olhar perdido/à procura do futuro no avesso do passado", "sabe bem voltar-te a ver", sabe bem encontrar-te no caminho, "quando estás ao meu lado/quando o tempo me esvazia/sabe bem o teu abraço fechado/E tudo o que me dás quando és/guarida junto à tempestade/os rumos para caminhar/no lado quente da saudade".
Que os medos nunca desfaçam os sonhos e que o lado quente da saudade diminua as saudades de um tempo em que ainda não havia saudade.
E que "as marcas deixadas na alma e na pele" nos dêem forças para seguir em frente, com o coração alado e porque o fim do dia é só um recomeço, é preciso aprender que "se chorares por teres perdido o sol, as lágrimas não te permitirão ver as estrelas".
(7.Maio.2003)
| Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir
Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado
O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar
O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua
Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir
Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado
O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar
O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua
Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
As canções da Mafalda acabam por ser sempre a banda sonora da minha própria vida. Esta canção toca-me de forma especial porque fala das marcas que deixamos nos outros, "na alma e na pele", e das saudades doces que nos ficam, de pessoas e momentos muito especiais.
"Fim Do Dia (No Lado Quente da Saudade)" lembra-me um poema muito especial, escrito por uma amiga minha, que já faleceu e, que mora no lado quente das minhas saudades: "Há sempre uma imagem.../Sempre esta imagem de nós/imperfeitos, inacabadamente longe dos sonhos /e há sempre sonhos/sonhos doces, tão mágicos, tão desejáveis/mas tão longe do que somos e temos /Há sempre outros/sempre esses outros que nos avaliam/que nos fazem corar, sorrir, amar, chorar. /e há sempre nós.../nós bonitos, nós feios,/nós sozinhos, nós amados... /Quem me dera que houvesse/sempre uma imagem de nós nos/sonhos dos outros!" (Rita Wemens, "Enchamos tudo de Futuros").
Eu sempre tive o culto do café, desde muito novinha que passo tardes inteiras na Sul América, o café que fica na esquina da rua do Liceu onde andei. O café de sempre onde aprendi que a amizade é, mesmo!, a mais bela forma de amor, aquelas mesas (que são as melhores do mundo!) já me viram chorar e rir tantas vezes; a Sul América é mesmo "um pequeno abrigo", um porto seguro onde regresso sempre à procura dos meus afectos, à procura do que de melhor eu sou... porque foi também ali que aprendi a amar pessoas "sem ter defesas que me façam falhar", porque foi lá que aprendi que os meus amigos serão "cúmplices o resto da vida" e tenho a certeza que "mesmo que a vida mude os nossos sentidos e o mundo nos leve para longe de nós", a Sul deixou em cada um marcas indeléveis que nos ficarão para sempre tatuadas, na Alma e na Pele.
Esta canção é também o regresso ao meu amor maior, aquele que resiste a tudo, até mesmo ao tempo, porque é um abrigo da alma pelo qual hei-de esperar sempre, mesmo "no fim de um dia cansado" porque vale a pena esperar por aquele abraço fechado... Amam-se gestos, palavras, sonhos, muitos sonhos... e vai-se sonhando o próprio sonho e vale a pena, porque um dia a paz acaba sempre por chegar, numa comunhão perfeita de corpos e almas; "em toda a parte... onde quer que eu vá, levo no corpo o desejo de te abraçar, em toda a parte onde quer que o sonho me leve, hei-de lembrar-me de ti".
A Mafalda Veiga, hoje e sempre, como banda sonora da minha própria vida, desta história e da história deste sonho... "seremos cúmplices o resto da vida"!!!
Porque há lugares mágicos, onde o reencontro é sempre uma bênção, e onde muitas vezes entramos "com o olhar perdido/à procura do futuro no avesso do passado", "sabe bem voltar-te a ver", sabe bem encontrar-te no caminho, "quando estás ao meu lado/quando o tempo me esvazia/sabe bem o teu abraço fechado/E tudo o que me dás quando és/guarida junto à tempestade/os rumos para caminhar/no lado quente da saudade".
Que os medos nunca desfaçam os sonhos e que o lado quente da saudade diminua as saudades de um tempo em que ainda não havia saudade.
E que "as marcas deixadas na alma e na pele" nos dêem forças para seguir em frente, com o coração alado e porque o fim do dia é só um recomeço, é preciso aprender que "se chorares por teres perdido o sol, as lágrimas não te permitirão ver as estrelas".
(7.Maio.2003)
A (minha) resposta
(Não sei limpar o disco-rígido dos afectos.)
Quando nos conhecemos, eu estava a acabar de arrumar a casa... agora, pela primeira vez, assistes ao desenrolar de toda a história... a casa nova, a mudança, ir tentando encaixotar tudo, caixas que ficam mal fechadas e depois tornam a abrir... Eu gostava de ser daquelas pessoas que mudam, de um dia para o outro, sem que nada as faça voltar atrás, sequer a porta mal trancada. Digamos que sofro do síndroma da corrente de ar... quando menos espero vem um vendaval que, escancara a porta (ou as portas todas) e eu fico outra vez desprotegida... depois constipo-me.
Não sou obcecada pela arrumação... tenho é uma dificuldade enorme em deixar as coisas desarrumadas, o problema é saber arrumá-las... Sempre fui meio desajeitada, uma perfeccionista imperfeita, por isso saí do ballett.
Tenho uma (outra) dificuldade extrema em romper... acabo, corto, mas, não sei desatar. Há laços que, de tão inexplicavelmente fortes, se tornam quase indestrutíveis. Sim, é por causa deste meu feitio terrível que, as portas vão ficando encostadas.
Se calhar eles tinham razão, o que me falta é amor-próprio. Habituei-me a uma aparência de amor e deixei de ambicionar a verdadeira essência dos afectos. Sou uma passional que teve sempre que racionalizar, só nunca consegui ser racional ou, pelo menos, fui incapaz de ser passional a tempo inteiro.
Tenho uma casa vazia de móveis e cheia de fantasmas que deambulam ao meu redor. Os caixotes estão à porta e não sei o que fazer com eles, nem com a casa... se me vou embora, tenho que optar, ou deixo ficar tudo ou trago o melhor (equacionando o melhor, serei capaz de ir embora?)... não sou capaz de deixar as minhas recordações todas para trás, tenho medo de perder a identidade mas, por outro lado, se quero começar de novo não posso carregar uma mobília antiga e demasiado pesada. "Estar quieto também é uma acção... quando não souberes o que fazer, não faças nada, fica quieta". Vou passeando, só para ir enganado o tempo, incapaz de fazer escolhas limite (com receio do custo de oportunidade?), acabo por ficar sentada, no hall de entrada, a olhar para uma herança sem saber o que fazer com ela.
Sou vencida pelo cansaço e adormeço, envolvida num sono sem sonhos... embalada pelas recordações que o senhor do oceano canta só para mim.
"É preciso viver o amor, esquecer mágoas e matar inseguranças e acreditar que vale a pena amar alguém, que vale a pena partilhar o nosso amor, mesmo que quem o recebe não saiba abrir as mãos para o agarrar."
Sabes miúda, és um pilar - mesmo quando te sentes pequenina, fraca, vulnerável e desprotegida... porque eles não te souberam amar mas, a tua paz acabará por chegar... nem que seja através dos acordes do Jorge Palma. "O meu amor ensinou-me a partir/ Nalguma noite triste/ Mas antes ensinou-me/ A não esquecer que o meu amor existe."
O mundo gira e a vida acontece.
Um dia destes aparece-te alguém, que te ajuda a fazer a mudança, arruma a casa contigo e põe tudo em ordem, no seu devido lugar. vais ver que o amor, o teu também, existe!
Acredita, pequena!
"Posso já não construir castelos na areia nem esperar à janela pelo meu Príncipe Encantado, mas ainda outro dia uma fada me segredou que ele anda por aí, a jogar à bola num quintal qualquer, perdido entre sonhos, palavras e livros como eu, com o coração fechado para o mundo e aberto para a vida."
(É esta a minha resposta! A felicidade existe -o amor também-, às vezes, demora é um bocadinho a chegar.
Por ser o meu maior carrasco, cometo -sem querer- o erro de ser dura contigo... quando te devia mimar e cuidar. tu não és nenhuma rocha e também precisas do meu colo, tenho que ter mais atenção aos teus sinais... não te quero calar, só preciso de aprender a ouvir-te. prometo colocar-te na minha lista de prioridades.)
| Quando nos conhecemos, eu estava a acabar de arrumar a casa... agora, pela primeira vez, assistes ao desenrolar de toda a história... a casa nova, a mudança, ir tentando encaixotar tudo, caixas que ficam mal fechadas e depois tornam a abrir... Eu gostava de ser daquelas pessoas que mudam, de um dia para o outro, sem que nada as faça voltar atrás, sequer a porta mal trancada. Digamos que sofro do síndroma da corrente de ar... quando menos espero vem um vendaval que, escancara a porta (ou as portas todas) e eu fico outra vez desprotegida... depois constipo-me.
Não sou obcecada pela arrumação... tenho é uma dificuldade enorme em deixar as coisas desarrumadas, o problema é saber arrumá-las... Sempre fui meio desajeitada, uma perfeccionista imperfeita, por isso saí do ballett.
Tenho uma (outra) dificuldade extrema em romper... acabo, corto, mas, não sei desatar. Há laços que, de tão inexplicavelmente fortes, se tornam quase indestrutíveis. Sim, é por causa deste meu feitio terrível que, as portas vão ficando encostadas.
Se calhar eles tinham razão, o que me falta é amor-próprio. Habituei-me a uma aparência de amor e deixei de ambicionar a verdadeira essência dos afectos. Sou uma passional que teve sempre que racionalizar, só nunca consegui ser racional ou, pelo menos, fui incapaz de ser passional a tempo inteiro.
Tenho uma casa vazia de móveis e cheia de fantasmas que deambulam ao meu redor. Os caixotes estão à porta e não sei o que fazer com eles, nem com a casa... se me vou embora, tenho que optar, ou deixo ficar tudo ou trago o melhor (equacionando o melhor, serei capaz de ir embora?)... não sou capaz de deixar as minhas recordações todas para trás, tenho medo de perder a identidade mas, por outro lado, se quero começar de novo não posso carregar uma mobília antiga e demasiado pesada. "Estar quieto também é uma acção... quando não souberes o que fazer, não faças nada, fica quieta". Vou passeando, só para ir enganado o tempo, incapaz de fazer escolhas limite (com receio do custo de oportunidade?), acabo por ficar sentada, no hall de entrada, a olhar para uma herança sem saber o que fazer com ela.
Sou vencida pelo cansaço e adormeço, envolvida num sono sem sonhos... embalada pelas recordações que o senhor do oceano canta só para mim.
"É preciso viver o amor, esquecer mágoas e matar inseguranças e acreditar que vale a pena amar alguém, que vale a pena partilhar o nosso amor, mesmo que quem o recebe não saiba abrir as mãos para o agarrar."
Sabes miúda, és um pilar - mesmo quando te sentes pequenina, fraca, vulnerável e desprotegida... porque eles não te souberam amar mas, a tua paz acabará por chegar... nem que seja através dos acordes do Jorge Palma. "O meu amor ensinou-me a partir/ Nalguma noite triste/ Mas antes ensinou-me/ A não esquecer que o meu amor existe."
O mundo gira e a vida acontece.
Um dia destes aparece-te alguém, que te ajuda a fazer a mudança, arruma a casa contigo e põe tudo em ordem, no seu devido lugar. vais ver que o amor, o teu também, existe!
Acredita, pequena!
"Posso já não construir castelos na areia nem esperar à janela pelo meu Príncipe Encantado, mas ainda outro dia uma fada me segredou que ele anda por aí, a jogar à bola num quintal qualquer, perdido entre sonhos, palavras e livros como eu, com o coração fechado para o mundo e aberto para a vida."
(É esta a minha resposta! A felicidade existe -o amor também-, às vezes, demora é um bocadinho a chegar.
Por ser o meu maior carrasco, cometo -sem querer- o erro de ser dura contigo... quando te devia mimar e cuidar. tu não és nenhuma rocha e também precisas do meu colo, tenho que ter mais atenção aos teus sinais... não te quero calar, só preciso de aprender a ouvir-te. prometo colocar-te na minha lista de prioridades.)
Olhares...
Olhares...
Olhares que se cruzam... quatro histórias que se entrelaçam... sermos dois e sermos muitos... olhares que se encontram e se tocam... corpos que se abraçam e não se tocam... o que se sente... o que não se quer sentir... um ponto de partida... várias estórias à chegada...
Estarmos rodeados por uma multidão... e acabarmos aos pares... conhecer-lhe os sinais... desvendar a alma num segundo... ficarmos separados...
E... redescobrir... viver... reviver... e... reinventar... afectos... numa conversa silenciosa... de uns olhos que se (re)encontram e se (re)descobrem...
Saber-te tão perto e tão longe... sentir que para nós o princípio do fim está longe de chegar... longe de acontecer... ler-lhe nos olhos os pensamentos e saber que o fim está próximo... olhar nos olhos e encontrar um sorriso... cúmplice... seremos cúmplices o resto da vida...
Olhar... menina dos olhos...
O que se mostra... o que ficou por mostrar... o que se desvenda... e o que se tenta a todo o custo esconder... o que se pretende a todo o custo demonstrar...
A mentira da verdade... a verdade da mentira... as múltiplas verdades... o grito estridente das evidências... o eco dos vários sons... fogo cruzado... o passado que retorna no presente... uma sombra do que já se foi um dia... duelos perigosos... os instintos mais básicos do ser humano a virem à tona... a proximidade inquietante...
Jogos perigosos... a confusão... o despique... a angústia... a excitação... um emaranhado de gestos e sentimentos... os nós que se atam e desatam... os dois lados da barricada... separações... (re)aproximações...
Várias formas de gostar... escolhas e sobreposições... o que foi... o que poderia ter sido... o que é e não é... simplesmente ser... e gostar... de ti... de ti... e de ti... Gostar...
Um adeus de rompante... a fuga estratégica... presas e predadores... optar entre o ir e o voltar... ficar... tudo no seu devido lugar...
Voltar a arrumar a casa... dizer que acabou... expulsar os fantasmas... sorrir aos convivas... um último olhar... por hoje é tudo!... dizer-te adeus... e saber que é só até à próxima vez... tudo o que se diz... o olhar que desmente e confirma tudo... o que não se diz... fica tudo dito com os olhos...
| Olhares que se cruzam... quatro histórias que se entrelaçam... sermos dois e sermos muitos... olhares que se encontram e se tocam... corpos que se abraçam e não se tocam... o que se sente... o que não se quer sentir... um ponto de partida... várias estórias à chegada...
Estarmos rodeados por uma multidão... e acabarmos aos pares... conhecer-lhe os sinais... desvendar a alma num segundo... ficarmos separados...
E... redescobrir... viver... reviver... e... reinventar... afectos... numa conversa silenciosa... de uns olhos que se (re)encontram e se (re)descobrem...
Saber-te tão perto e tão longe... sentir que para nós o princípio do fim está longe de chegar... longe de acontecer... ler-lhe nos olhos os pensamentos e saber que o fim está próximo... olhar nos olhos e encontrar um sorriso... cúmplice... seremos cúmplices o resto da vida...
Olhar... menina dos olhos...
O que se mostra... o que ficou por mostrar... o que se desvenda... e o que se tenta a todo o custo esconder... o que se pretende a todo o custo demonstrar...
A mentira da verdade... a verdade da mentira... as múltiplas verdades... o grito estridente das evidências... o eco dos vários sons... fogo cruzado... o passado que retorna no presente... uma sombra do que já se foi um dia... duelos perigosos... os instintos mais básicos do ser humano a virem à tona... a proximidade inquietante...
Jogos perigosos... a confusão... o despique... a angústia... a excitação... um emaranhado de gestos e sentimentos... os nós que se atam e desatam... os dois lados da barricada... separações... (re)aproximações...
Várias formas de gostar... escolhas e sobreposições... o que foi... o que poderia ter sido... o que é e não é... simplesmente ser... e gostar... de ti... de ti... e de ti... Gostar...
Um adeus de rompante... a fuga estratégica... presas e predadores... optar entre o ir e o voltar... ficar... tudo no seu devido lugar...
Voltar a arrumar a casa... dizer que acabou... expulsar os fantasmas... sorrir aos convivas... um último olhar... por hoje é tudo!... dizer-te adeus... e saber que é só até à próxima vez... tudo o que se diz... o olhar que desmente e confirma tudo... o que não se diz... fica tudo dito com os olhos...